The Common Ground Between Anarchists and Maoists

“Brazilian Anarchists and Maoists are both being criminalized for dissent that could undermine the government’s ability to function.”

Credito: ExNEPe

Credito: ExNEPe

O Terreno Comum Entre Anarquistas e Maoistas

A Copa do Mundo terminou, depois de termos politicado incessantemente os atletas e os países que essas equipes representavam. Havia algo suspeitamente conveniente em lembrar do colonialismo francês agora, mas esquecer da corrupção e da opressão da FIFA. Desta forma, podemos ficar colados na T.V. sem perder “pontos de militância”.

O movimento de resistência contra a FIFA em 2013 e 2014 não é coisa do passado. Os pretextos que transformaram movimentos sociais em organizações terroristas são, até hoje, responsáveis ​​pela criminalização do ativismo político no nosso pais. Isso resultou em 23 presos políticos com sentenças entre 5 e 13 anos, alguns ainda sendo processados ​​agora. Pessoas morreram e muitas mais perderam suas casas. Mas o que discutimos é como torcer para o México é uma mensagem anti-Trump, e como a equipe alemã está de alguma forma (simbolicamente) relacionada com a política sobre refugiados de Merkel.

Estamos testemunhando a fachada do estilo estadouniense de Democracia se desintegrando, revelando o fascismo de um Estado Imperializado que encarcera em massa e mata pessoas pobres, negras, trans e mulheres. Além disso, um Estado que usa uma corporação para distrair as massas com esportes nacionalistas, enquanto criminaliza dissidência política.

Anarquistas e Maoistas estão sendo igualmente criminalizados por dissidência capaz de prejudicar a capacidade do governo de funcionar. A OATL (Organização Anarquista Terra e Liberdade) e o MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário) foram recentemente colocados como frentes de iniciativas de atos violentos em 2013.

“Membros da OATL e MEPR planejavam lançar coquetéis molotovs e rojões contra a policia durante passeatas contra a copa do mundo” (Folha de Sāo Paulo, 17 de Julho 2018)

Mesmo com todas as nossas divergências ideológicas; particularmente em relação ao uso idolátrico de liderança, e o interesse na reconstrução de um Estado que sustentará a ditadura do proletariado; concordamos que o Estado em qual vivemos agora, e seu sistema eleitoral, deve ser derrubado. A re-centralização de poder econômico e estrutural num Governo comunista não é nem um pouco atraente pra nós anarquistas. E vemos que, apesar de eficiente em curto prazo, o culto de personalidade de líderes não é só contraditório aos nossos princípios de horizontalidade. É também insustentável, já que até agora revoluções morreram com seus lideres.

Nosso terreno comum é a ideia de que a dicotomia entre esquerda e direita no campo eleitoral é reformista/reacionária, e não revolucionária, já que visa representação em, e consequentemente validação do, sistema partidário. Até os candidatos de mais extrema esquerda como Boulos, mesmo com sua retórica de defesa do povo pobre por políticas contra a especulação imobiliária e etc., visa a reconstrução da fé do povo Brasileiro no sistema. Isso só atrasa a revolução. Sabemos que o candidato não vai ganhar, se ganhar não vai fazer o que fala, e se tentar fazer o que fala vai ser impeached, preso, ou morto (como já vimos acontecer tantas vezes antes).

A estratégia de usar a plataforma partidária sustentada pela “Democracia” (Estilo estadounidense) pra divulgar ideias revolucionárias é como transar pela virgindade, validando no processo a própria coisa que estamos tentando invalidar. A necessidade imediata do povo que mais precisa dessa revolução não pode ser saciada com migalhas. É nossa responsabilidade como militantes não criar dependência do próprio Governo que visamos derrubar, e lutar para suprir essas necessidades imediatas como uma comunidade; um Movimento.

“Há apenas a preocupação de se jogar migalha na boca escancarada da fome, talvez para que nos deixem em paz…” – Maria Lacerda de Moura

Do dia 11 a 15 de Julho, estudantes de pedagogia de todo o Brasil se encontraram em União dos Palmares, Alagoas, para discutir métodos de combate aos ataques do Estado contra a educação e os direitos do povo dentro e fora da esfera acadêmica no nosso pais.

Este foi o 38o ENEPe (Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia), e sua 1a edição Marxista-Leninista-Maoista.

A realização deste evento marcante na história da ENEPe não foi possível sem a superação de sérios obstáculos. Houve um rompimento entre estudantes de esquerda, resultando em dois eventos diferentes sendo realizados: este organizado pela ExNEPe (Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia) com presença predominante do MEPR, e outro evento com presença predominante do MEPe (Movimento Estudantil de Pedagogia) e movimentos estundatis ligados à UNE (União Nacional dos Estudantes).

Essa divergência ideológica entre os estudantes “de esquerda” é baseada no partidarismo. O MEPR reivindica a independência política, o boicote ao voto, e a completa rejeição da dependência financeira em, ou campanha de, partidos. Além disso, eles e elas também visam manter esse evento aberto a estudantes de outras áreas e a quem não é estudante.

Para muitos, o boicote ao voto significa uma brecha para a direita se fortalecer, ou até mesmo uma direita disfarçada. Os da MEPe, que não estavam a bordo com os posicionamentos da MEPR, não só fizeram seu próprio evento em outra data e local, mas também sabotaram a iniciativa de organização e promoção do evento de seus semelhantes. Cartazes promovendo a 38o ENEPe em União dos Palmares foram removidos ou danificados de alguma forma pelo país inteiro.

Nos palcos do primeiro dia, 11 de Julho, houve uma fala de forte crítica Marxista ao PT, introduções das delegações de cada região, fala da LCP (Liga de Camponeses Pobres), apresentação de dança do Quilombo, poesia, teatro, e até rock. Os espaços entre cada foram preenchidos por palavras de ordem e punhos levantados. “Resistir, lutar, pra cultura popular”, entre muitas outras.

A grande maioria das aproximadamente 400 pessoas presentes, tiveram que superar múltiplos obstáculos financeiros e burocráticos, além da sabotagem de outros alunos, para comparecer no evento aquela semana. Portanto, a presença de cada um, de cada região, segurava o peso da dedicação à militância, e o entusiasmo de uma juventude com fé na revolução.

Na mesa do 2o dia afirmaram que a independência do eleitoralismo é essencial na luta pela gratuidade educacional. A formação pedagógica ainda visa o treinamento de mão de obra barata, e Lula não foi melhor que FHC no combate a isso; cotas e bolsas só atrasam a revolução. Enquanto as reitorias agem como o Estado dentro da universidade, não ha como a universidade enfrentar o Estado. O papel do pedagogo e da pedagoga é fundamental pra formação da sociedade, e não deverá ser usado para servir um Estado.

A logística do evento foi discutida com todos e todas presentes. A comida, a limpeza, o transporte e a convivência em geral. Considerando que foi um evento realizado com completa autonomia financeira, sem apoio de partidos ou outras instituições, houve um processo de adaptação para os que não estavam acostumados.

Uma proposta essencial que foi aplicada durante o evento foi a criação de creches nas universidades. A creche representa a luta de inclusão da mulher na esfera política, acadêmica e profissional, com apoio da comunidade como um todo. Portando, a presença de crianças e bebês foi responsabilidade de todos e todas nós, e também simbólico para a estruturação de um movimento revolucionário onde esse papel não poderá ser só da mãe.

No último dia do encontro, o MFP (Movimento Feminino Popular) se apresentou como Marxista-Leninista-Maoista, abraçando a causa das mulheres que são alunas, professoras, operárias e camponesas, e afirmando que a mulher latifundiária é inimiga. O Movimento visa combater o trabalho doméstico não pago, a servitude de empregadas domesticas às suas empregadoras burguesas, e a ideia de que existe alguma diferença inata ente homens e mulheres.

A monogamia da família tradicional também deve ser combatida, pois nasceu com o conceito de propriedade privada para assegurar a transferência de bens por herança. Afirmaram também que não existe a cultura do estupro, existe o Patriarcado e o Capitalismo. Portanto, não se destrói a cultura do estupro com leis, se destrói o patriarcado capitalista com a revolução. O problema não é o homem, é o Estado. E acima de tudo, o propósito da organização é “despertar a fúria revolucionaria nas mulheres.”

Uma camarada da ExNEPe, Tarsila Pereira, foi proibida de comparecer a aulas como ouvinte na UFAL (Universidade Federal de Alagoas), por militar e promover este evento. A tentativa de abaixo assinado pra expulsar Tarsila acabou virando um abaixo assinado pra ela ficar, e o professor se recusou a expulsa-lá, falando que ele não é polícia, e na aula dele entra quem quer aprender. Felizmente, o processo que visava “restaurar a paz” nas salas de aula falhou, e hoje ela é uma aluna matriculada.

Sexta-feira, dia 13 de Julho, em Maceió, foi realizada uma manifestação em defesa de Tarsila na UFAL; contra o fascismo que infiltra a academia Brasileira; contra a intervenção militar e o oportunismo da Escola Sem Partido; contra a privatização das universidades e a regularização da profissão de pedagogos e pedagogas; e contra o imperialismo genocida no Oriente Médio.

Depois da manifestação, a organização do evento mostrou de forma impactante como a Cultura Popular é resistência. Uma apresentação de dança típica Alagoana abriu uma série de apresentações culturais de cada delegação presente. Ficou claro que “cada região é um País”, como falou uma das alunas assistindo. Foi emocionante presenciar como extrema diversidade pode sim significar uma completa união e solidariedade. Diversas danças, músicas, histórias, e linguagens foram apresentadas, destacando como a hegemonia violentamente invisibiliza expressões culturas belas e valiosas no Brasil.

Sábado, dia 14 de Julho, participantes foram divididos em três grupos, um deles destinado ao museu do Quilombo dos Palmares. A viajem no ônibus escolar amarelo foi uma celebração, ele ainda estava enfeitado da festa junina, e todos alternavam entre cantar techno brega e palavras de ordem. Na Serra da Barriga, região do Zumbi dos Palmares, chacoalhávamos na estrada de terra, subindo e descendo montanhas de mata baixa, com ocasionais coqueiros sendo saudados por urubus.

Foi inevitável sentir o poder daquele espaço, mesmo que agora esteja estruturado um pouco como um parque temático. Cada passo parecia levantar uma memória centenária combativa, como se fosse uma poeira que ao invés de ofuscar, tornava ainda mais nítido nosso propósito politico. A vista do alto a serra chegava quase a nos colocar no corpo dos homens e mulheres que se estabeleceram lá 400 anos atras, e na consciência estratégica de poder ver inimigos de longe sem ser visto.

No fim da visita, muitos de nós até nadamos na pequena lagoa verde pastel onde quilombolas “alimentavam suas almas”.

Quando voltamos pra universidade em União dos Palmares, assistimos apresentações de trabalhos, dos quais alguns seriam premiados. Um deles abordava a importância de educação sexual na escola, pra alunos entre 11 e 15 anos de idade. Interesses das crianças giravam em torno dos temas de masturbação, puberdade e menstruação. A apresentadora mostrou que sexo ainda é um tabu entre professores e reitorias, e a importância de derrubar esse tabu e abordar esse tema é de extrema urgência, quando se vê como é comum a gravidez de meninas de 13 a 15 anos e idade.

A importância da História foi enfatizada quando reconhecemos que o Brasil tem um problema de memória. Um trabalho sobre a Guerrilha do Araguaia trouxe pra mesa de debate a perpetuação da violência, décadas depois da batalha, quando crimes da resistência são judicialmente equiparados com os dos opressores. Trouxe também o tema das particularidades femininas na tortura durante a ditadura, e a questão do uso do termo “ditadura” em si, como um termo usado pela democracia burguesa pra defender suas políticas ditatoriais contemporâneas.

Em geral, houve muita repetição de termos como “pós-modernista”, “oportunista”, “imobilista” e Marxismo cientifico, sem finas definições e contextualizações. Isso alienou certos alunos que não se reivindicam Marxistas, e deu pouca abertura pra participantes apresentarem divergências. Até as votações finais foram bizarramente homogêneas, talvez não só porque houve consensus, mas também porque ir contra seria intimidador.

Para o burguês e pequeno burguês, a inacessibilidade é o charme. Com eles e elas não há diálogo, há combate. Combater a ideia de que “uma mentira falada mil vezes vira verdade” (Goebbels) significa também reconhecer que existe diferentes perspectivas sobre a realidade, e não só uma verdade que pertence aos socialistas científicos. Ocasionais falhas em reconhecer isso resultou em certas infelizes falas, como uma sobre o misticismo de comunidades “primitivas”, e abordagens superficiais e desnecessárias do materialismo dialético.

Mesmo assim, foi afirmado que a ciência que vemos hoje na academia serve o Capital. O conhecimento científico do povo, seja ele indígena, negro ou camponês, é apropriado pelas classes dominantes e patenteado. Temos que trazer a ciência de volta para o povo, preservando a educação tradicional indígena, por exemplo. Para uma das palestrantes, o problema “do índio” é o problema de classe, e não da supremacia branca; É uma luta pela terra e pela sobrevivência. Seria interessante a presença de mais grupos Indígenas e Quilombolas nos próximos eventos, tanto que foi decidido que o tema do 23o FoNEPe (Fórum Nacional de Entidades de Pedagogia) será “educação que sirva o povo indígena, camponês e Quilombola”, ano que vem em Juazeiro.

No fim as despedidas foram calorosas, já que durante a semana cultivamos imenso carinho uns pelos outros. Havia espaço pra autocrítica e crescimento, e o potencial socio-politico do evento é inegável. Estamos todos e todas animadas pro próximo ENEPe (39o) que acontecerá em Guarulhos, com o tema de “defesa da escola pública, contra a privatização e fechamento de escolas públicas”.

“Se você paga,
não deveria,
educação
não é mercadoria”


Mirna Wabi-Sabi

editora do site Gods&Radicals, escritora e professora.


English Translation

The Common Ground Between Anarchists and Maoists

The World Cup ended, after we incessantly politicized athletes and the countries those teams were representing. There was something suspiciously convenient about remembering French colonialism now, but forgetting FIFA’s corruption and oppression. This way we can stay glued to the T.V. without losing any “woke points”.

Brazil’s uprising against FIFA in 2013 and 2014 is not a thing of the past. The pretexts that turned social movements into terrorist organizations are to this day responsible for the criminalization of political activism. This resulted in 23 political prisoners with sentences between 5 and 13 years, some still being prosecuted now. People have died, and many more lost their homes. But what we talk about is how cheering for Mexico is an anti-Trump statement, and that the German team is somehow related (symbolically) to Merkel’s refugee policy.

We are witnessing the facade of U.S. American style Democracy crumbing down, revealing the Fascism of an Imperialized State that mass incarcerates and kills poor people of color, trans people, and women. Moreover, a State that uses a corporation to  distract the masses with nationalistic sports, while it criminalizes political dissent.

Brazilian Anarchists and Maoists are both being criminalized for dissent that could undermine the government’s ability to function. The OATL (Anarchist Organization of Land and Liberty) and the MEPR (Popular Revolutionary Student Movement) have recently been denominated initiators of violent protest acts in 2013.

“OATL and MEPR members planned to launch Molotov cocktails and other flaming objects at the police during marches against the world cup” – (Folha de São Paulo, July 17th 2018)

Even with all our ideological differences; particularly in relation to the idolatrous use of leadership, and the interest in rebuilding a state that will sustain the dictatorship of the proletariat; we agree that the state we live in now, and its electoral system, must be overthrown. The re-centralization of economic and structural power in a communist government is not at all attractive to us anarchists. And we see that, although efficient in the short run, the personality cult of leaders is not only contradictory to our principles of horizontality. It is also unsustainable, since up to now revolutions have died with their leaders.

“Elections are a farce – don’t vote – long live the rural and anti imperialist democratic revolution! MEPR.”

“Elections are a farce – don’t vote – long live the rural and anti imperialist democratic revolution! MEPR.”

Our common ground is the idea that the dichotomy between left and right in the electoral field is reformist / reactionary rather than revolutionary, since it seeks representation in, and consequently validation of, the system. Even the most far-left candidates like Guilherme Boulos (PSOL), with his rhetoric of defending the poor with policies against real estate speculation and so on, aim at rebuilding the faith of the Brazilian people in the system. This only slows down the revolution. We know that the candidate will not win, if he wins he will not do what he says, and if he tries to do what he says he will be impeached, imprisoned, or killed (as we have seen so many times before).

The strategy of using the partisan platform supported by the U.S. American Style Democracy to spread revolutionary ideas is like fucking for virginity, validating in the process the very thing we are trying to invalidate. The immediate needs of the people who most need this revolution can not be satiated with crumbs. It is our responsibility as militants to not create dependence on the very Government we aim to overthrow, and strive to meet these immediate needs as a community; a Movement.

“There is only the concern of throwing crumbs at the gaping mouth of hunger, perhaps so that they leave us alone …” (Maria Lacerda de Moura)

From 11 to 15 July, pedagogy students from all over Brazil met at União dos Palmares, Alagoas, to discuss methods of combating State attacks against education, and the rights of the people inside and outside the academic sphere in our country.

This was the 38th ENEPe (National Meeting of Students of Pedagogy), and its 1st Marxist-Leninist-Maoist edition.

The realization of this groundbreaking event in the history of ENEPe was not possible without overcoming serious obstacles. There was a rupture between leftist students, resulting in two different events being held: this one organized by ExNEPe (National Executive of Students of Pedagogy) with predominant presence of the MEPR, and another event with predominant presence of MEPe (Student Movement of Pedagogy) and student movements linked to UNE (National Union of Students).

This ideological divergence among “leftist” students is based on partisanship. The MEPR claims political independence, a vote boycott, and a complete rejection of financial dependence on, or campaigning for, political parties. In addition, they also aim to keep this event open to students from other academic fields and to non-students.

For many, the boycott of the vote means a breach for the right to strengthen, or even a right in disguise (like blaming 3rd party voters for Trump). Those of the MEPe, who were not on board with MEPR rhetoric, not only made their own event at another date and place, but also sabotaged the initiative and promotion of their peers’ event. Posters promoting the 38th ENEPe in União dos Palmares were removed or damaged in some way throughout the country.

The vast majority of the approximately 400 people present had to overcome multiple financial and bureaucratic obstacles, as well as the sabotage of other students, to attend the event that week. Therefore, the presence of each one, from each region, held the weight of dedication to militancy, and the enthusiasm of a youth with faith in the revolution.

Delegations from each region, sleeping quarters.

Delegations from each region, sleeping quarters.

On the last day of the meeting, the MFP (Popular Women’s Movement) presented itself as a Marxist-Leninist-Maoist, embracing the cause of women who are students, teachers, workers and peasants, and stating that the landowning (bourgois) woman is an enemy. The Movement aims to combat unpaid domestic work, the servitude of maids to their bourgeois employers, and the idea that there is some innate difference between men and women.

We must also overcome the monogamy of traditional families, because it was born with the concept of private property to ensure the transfer of assets by inheritance. They also affirmed that there is no rape culture, there is the Patriarchy and Capitalism. Therefore, one does not destroy rape culture with laws, one destroys capitalist patriarchy with a revolution. The problem is not the man, it is the State. And above all, the purpose of the organization is “to awaken revolutionary fury in women.”

The event showed beautifully how Popular Culture is resistance. A typical Alagoan dance performance opened a series of cultural presentations of each delegation present. It became clear that “each Brazilian region is a Country”, as one of the students observed. It was exciting to witness how extreme diversity can mean full union and solidarity. Several dances, songs, stories, and languages were presented, highlighting how the hegemony violently invisibilizes valuable cultural expressions in Brazil (we are much more than just Rio and São Paulo).

On Saturday, July 14th, participants were divided into three groups, one of them destined to the historical site of Quilombo dos Palmares. This is the most famous settlement of runaway enslaved Africans in resistance to Portuguese and Dutch occupation. The trip in the yellow school bus was a celebration, everyone alternated between singing tacky songs and chanting political slogans. In Serra da Barriga, in the region of Zumbi dos Palmares (the a most famous abolitionist leader of the Quilombo), we rattled on the dirt road, up and down mountains of low vegetation, with occasional coconut trees being greeted by vultures.

It was inevitable to feel the power of that land, even though it is now structured somewhat like a theme park. Each step seemed to lift a centuries-old combative memory, as if it were dust that instead of obfuscating, made our political purpose even clearer. The sight from above the mountain almost placed us in the bodies of the men and women who settled there 400 years ago, and in the strategic awareness of being able to see enemies from afar without being seen.

At the end of the visit, many of us swam in the small pastel green lagoon where Quilombolas “fed their souls”.

When we returned to the university in União dos Palmares, we attended presentations of works, some of which would later be awarded. One of them addressed the importance of sex education in schools for students between 11 and 15 years of age. The interests of the children revolved around the themes of masturbation, puberty and menstruation. The presenter showed that sex is still a taboo between teachers and principals. When we see how common it is for 13 to 15 year old girls to become pregnant, the importance of overcoming this taboo and addressing this issue is revealed as undeniably urgent.

The importance of history was emphasized when we recognized that Brazil has a memory problem. A presentation on the Araguaia Guerrilla discussed the perpetuation of violence, decades after the battle, when the crimes of the resistance are judicially equated with those of the oppressors. She also brought up the subject of female particularities when it comes to the practice of torture during the Brazilian “dictatorship” (Military regime of 1964-1985), and the question of using the term “dictatorship” as it is used by the bourgeois democracy to defend its contemporary dictatorial policies.

In general, there was a lot of repetition of terms such as “postmodernist,” “opportunistic,” “immobilist,” and scientific Marxism, without refined definitions and contextualizations. This alienated certain students who did not identify as Marxist, and gave little opening for participants to disagree. Even the final votes were bizarrely homogeneous, perhaps not only because there was consensus, but also because going against the group would be intimidating.

For the bourgeoisie and petit bourgeoisie, inaccessibility is the charm. With them there is no dialogue, there is combat. Fighting the idea that “a lie told once remains a lie but a lie told a thousand times becomes the truth” (Goebbels) also means recognizing that there are different perspectives on reality, and not just a truth that belongs to scientific socialists. Occasional failures to recognize this have resulted in certain unfortunate affirmations, such as one on the mysticism of “primitive” communities, and superficial and unnecessary approaches towards dialectical materialism.

Even so, it was stated that the science we see today in the academy serves the Capital. Scientific knowledge of the people, be it indigenous, black or peasant, is appropriated by the ruling class and patented. We have to bring science back to the people, by preserving traditional indigenous education, for example. To one of the speakers, the “Indigenous problem” is a class problem, not a white supremacy problem; It is a struggle for land and survival. It would be interesting to have more Indigenous and Quilombola groups in the coming events, so much so that it was decided that the theme of the 23rd FoNEPe (National Forum of Pedagogical Entities) will be “education that serves indigenous, peasant and Quilombola communities”, next year in Juazeiro, Bahia.

At the end, the farewells were warm, since during the week we cultivated great affection for each other. There was room for self-criticism and growth, and the socio-political potential of the event is undeniable. We are all excited about the next ENEPe (39th) that will take place in Guarulhos, São Paulo, with the theme “defending the public school against privatization.”


Mirna Wabi-Sabi

is co-editor of Gods&Radicals, and writes about decoloniality and anti-capitalism.

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