The Witch and their Community as magical-political activism
English Translation here.
A Bruxa e sua comunidade enquanto ativismo mágico-político
“A magia sempre responderá a um mundo em crise. Nós estamos destinados a tecer juntos as fibras quebradas da humanidade.” – Witchcraft Activism, David Salisbury.
Nos últimos dias, vários países ao redor do mundo tem sido palco das mais diversas reivindicações e protestos, tendo múltiplas bandeiras que podem convergir ou não. Movimentos como antifascismo, antirracismo, contra o patriarcado, contra a polícia militarizada são só alguns exemplos. Estes movimentos se unem, se separam, se sobrepõem, e suas frentes são as mais diversas. Protestos acontecem nas ruas de forma pacífica ou de forma violenta, petições são assinadas e compartilhadas, campanhas de sucesso para arrecadação de dinheiro são construídas, a divulgação de informações e conhecimento sobre racismo, LGBTQIA+fobia, machismo, supremacia branca, feminisno, diversidade sexual e de gênero é disseminada, e as bruxas estão em todas estas camadas diferentes, realizando seu trabalho mágico como acreditam ser o melhor.
Algumas bruxas vão aos protestos, munidas de feitiços e maldições, outras abençoam os que estão nos protestos de casa, outras amaldiçoam pessoas específicas que ocupam cargos de poder dentro da política, enquanto outras oram para divindades específicas pedindo por cura, proteção, paz. Seja como for, as bruxas têm cada vez mais entendido sua Arte como uma arma a favor do oprimido e contra o opressor, gritado aos quatro ventos que toda Bruxaria é política, ou um ato político, e que “se não lutarmos, queimamos”.
Este texto vem de uma Bruxa que não destoa deste discurso. Apaixonado pelo ativismo mágico político, tive na Tradição Reclaiming, que possui suas raízes em São Francisco – CA na década de 80, a experiência de aprender, praticar e ensinar sobre os métodos eficazes de uma prática de ativismo. No entanto, uma coisa em particular se fixou em mim como uma semente caída ao acaso no solo fértil, e tem crescido como uma rosa vermelha brilhante de orvalho, desabrochando com seus espinhos verdes e suas pétalas de veludo: existem diversas formas de praticar o ativismo mágico, e uma das mais importantes é construir, alimentar e proteger as comunidades que fazemos parte.
A realidade brasileira me jogou em direção a um turbilhão de medo, ansiedade e desespero pelas contínuas notícias de um governo cada dia menos transparente e mais autoritário. Enquanto bruxa, questiono-me constantemente em como posso lutar pelos meus, os seus e até mesmo os nossos. Há alguns anos, vivi o mundo dos protestos de forma breve, e mais recentemente vivi o mundo da produção e compartilhamento de magia para ativistas. Hoje, avanço em direção na tentativa de alimentar e fortalecer nossas comunidades. Há diversas formas de protesto, e todas tem sua importância. No fim das contas, o que interessa é poder atravessar a nuvem de ignorância e paralisia e poder transformar o ódio que paralisa no ódio sagrado que transforma, e encontrar no que você realmente é bom e pode fazer constantemente.
Um dizer da arte nos conta que, dentro de nossos espaços sagrados, “estamos entre os mundos. O acontece entre os mundos, não concerne aos mundos, mas ainda assim, mudará os mundos.” Mudar mundos não é algo simples e nem magicamente explicado com profundidade por aí. A resposta para a questão “o que pode uma bruxa fazer com um simples feitiço contra um sistema estruturado que oprime especificamente grupos de pessoas?” persiste, sem grandes respostas. Porque, realmente, uma única bruxa contra um mundo energético estruturado como tal é como a disputa de força entre uma lagarta contra um elefante, correto? Porém, relembro o que uma única gota de chuva faz no oceano. Observo como ela não muda profundamente o oceano, mas ondula sobre a superfície até onde podemos ver. E, uma chuva sobre o oceano, pode fazer mais do que pequenas ondulações. Imagine, então, se uma tempestade surge, com seus ventos, raios, em um dia onde a lua está cheia e influencia as marés de tal forma que um oceano, antes calmo, transforma-se em um ambiente diferente. Isso ainda não é capaz de mudar o volume de água no mar ou sua cor, por exemplo, mas causa profunda mudança não só no oceano, mas em como observamos a potência da gota da chuva. Lembremos que a Bruxa, a partir do momento que se identifica e ressoa como tal, deixa de ser completamente humana. Passamos a ser uma força da natureza, nem completamente viva ou morta, nem totalmente humana ou fada. Articuladas, organizadas, unidas em um único complexo tecido composto por diversas existências e muitas possibilidades, podemos algo. Acredito que através do fortalecimento das comunidades, este algo se torna real. Nem que seja, ao menos, garantir a sobrevivência dos nossos.
Primeiro, responda a esta pergunta: quais são as suas comunidades? E quem você considera como parte de suas comunidades? Talvez elas sejam enormes, com mais de 100 pessoas, ou pequenas, contendo 3 pessoas. Talvez elas tenham nomes específicos, e levam a potência de um círculo, um coven, um clã, uma tradição. Talvez elas sejam orgânicas demais para titulações, mas compartilham de ideais muito intrinsicamente. Talvez elas sejam compostas inteiramente de espíritos, sejam eles humanos ou não humanos, e você entre em contato com eles em locais específicos, através de suas iniciações, sangue, nomes e oferendas. Sejam quais forem, saber quem são as pessoas que compõem a suas comunidades é importante, pois então vocês sabem de onde vem o alimento que nutre vocês. São essas as conexões que queremos manter vivas, unidas, nutridas e brilhantes, como fios de ouro que nos ligam uns aos outros, formando uma grande teia viva de “entre”. Quanto mais forte a teia dourada, mais firme ela sustenta os que nela estão. Inquebrável, ela permite mudar alguns mundos, em um nível micro e em um nível macro.
A bruxa geralmente possui especializações nas mais diversas áreas mágicas de acordo com seus gostos. Astrologia, divinação, feitiços, trabalhos de cura, trabalhos com o mundo interior, ervas, cânticos e músicas. Perguntem-se: como estas especialidades podem nutrir a comunidade imediata ao seu redor? Talvez você seja uma bruxa que consegue prever como algum protesto acontecerá ou até mesmo como será o protesto para suas companheiras bruxas que lá estarão, prevenindo situações complexas demais. Talvez você seja uma bruxa que cura, e sua cura se estenda sobre os que precisam agora de calma, tranquilidade, cuidados paliativos unidos aos medicamentos e orientações médicas, dando um cuidado amigo especial. Talvez você seja uma bruxa que cria e sustenta um ambiente sagrado e de profunda presença no aqui e agora, onde as pessoas podem ser ouvidas ativa e profundamente, tendo umas as outras testemunhas de suas curas e dores, enquanto você faz a energia e a palavra circular. Talvez você seja uma bruxa que conhece um bocado de bruxaria e magia, e pode oferecer workshops e aulas gratuitas com ferramentas importantes para os tempos que estamos vivendo, ou doar parte de seu ganho para diversas pessoas que estão precisando agora.
Suas especialidades podem, inclusive, alcançar um maior número de pessoas em casos mais objetivos. Talvez você seja uma excelente bruxa que tece feitiços de prosperidade como ninguém, e realiza excelentes campanhas de arrecadação de produtos diversos e dinheiro para ongs e causas sociais que fazem parte de suas pautas de ativismo. Talvez você seja uma bruxa que convoca os espíritos para a batalha, e mesmo de casa ou nos protestos, confunde e ilude a polícia, ou até mesmo envia estes espíritos para proteger aqueles que se encontram em lugares mais vulneráveis socialmente. Talvez você cante, dance, escreve poemas, e deseja enviar sua magia através destas artes pelo mundo afora, alimentando as pessoas ao seu redor com força vital.
Tão importante quanto atuar magicamente em protestos é saber onde uma bruxa pode atuar magicamente no seu microcosmo, no individual e no íntimo, onde a grande maioria das pessoas se permite vulnerável para um trabalho mais profundo. Talvez você abra espaço em sua agenda para ouvir atentamente alguém de sua comunidade que precisa falar sobre o que tem acontecido em sua vida. Talvez você se dedique a ensinar técnicas especificas a uma outra bruxa para que ela passe por situações difíceis com mais presença e segurança. Talvez você possa amaldiçoar quem esteja tentando causar algum dano ou cometer alguma violência contra alguém de sua comunidade, contendo essa pessoa e isolando-o. Afinal, uma bruxa que não amaldiçoa, não sabe curar, não é?
É claro, as bruxas entram também nesses momentos de cuidado e de conexão entre si mesmas. Nós que atamos, curamos, abençoamos, moldamos e mudamos o mundo também precisamos de quem cuide, cure, abençoe e sustente um espaço sagrado para a nossa cura, o nosso descanso, o nosso repouso. A bruxa é uma força da natureza, mas nenhuma bruxa é incansável ao ponto de continuar realizando diversas atividades sem precisar se alimentar e beber de sua comunidade também. O caminho que nos leva para onde queremos também é o caminho que pode nos trazer ao nosso centro. Nossas comunidades, abastecidas com nossas magias e acesa como uma fogueira de São João pode também nos aquecer e proteger. Como uma vez me disse o Deus Pavão: “lembre-se de onde você vem”. Sim, é preciso lembrar onde minhas raízes estão, quais comunidades me alimentam, o que me nutre. Você sabe quais são estas comunidades para você?
Levanto estas questões neste texto, pensando em contextos de grupos grandes, grupos pequenos e até mesmo individuais, pautado sempre na importância de manter as conexões e as pontes entre os mundos vivas e erguidas. Vivemos um momento onde as diferenças se acentuam ao nível extremo, e onde a tentativa de homogeneização cresce até mesmo entre bruxas. No entanto, é a diversidade que habita no centro de nossas práticas que faz com que nossas comunidades sejam capazes de mudar mundos. “Existem tantas formas de praticar bruxaria quanto existem bruxas no mundo”, meu namorado e irmão de juramento costuma dizer. Ao final, pouco importa se você acredita que abençoar ou amaldiçoar seja o caminho, pois não há realmente uma grande diferença entre ambas, contanto que você saiba que é capaz de mudar sua realidade. Que você seja capaz de causar uma “condição” que molda, dobra, modifica o que você toca. E por isso, levanto a questão de que existem diversas formas de atuar magicamente dentro de um contexto de ativismo político. Então, qual é a sua forma de atuar magicamente pelas suas comunidades? O que você está esperando para experimentar as suas formas?
Organizem-se. Tornem-se líderes em suas comunidades. Se uma comunidade é formada de pessoas que assumem papéis de liderança, ou seja, se responsabilizam por si mesmas e pelo todo na medida saudável e produtiva, o poder se compartilha e a necessidade de uma hierarquia que pode ser opressora se quebra. Questionem-se sobre seus papeis dentro de suas comunidades. Lembrem que sentir-se desconfortável por ter errado faz parte do caminho, e que errar ensina a acertar.
Então, de quem e com quem você muda o mundo?
Lilo Assenci
é uma Bruxa brasileira, um sacerdote, um Coelho da Lua, tradutor e professor. É iniciado na Tradição Feri, membro da Tradição Reclaiming, iniciado e elder na Tradição Tribo de Hécate e Sacerdote Hierofante na Irmandade de Isis. Membro do comitê editorial da Gods & Radicals, seu trabalho é profundamente conectado com o anarquismo, bruxaria, comunhão com os espíritos humanos e não humanos, paganismo, folclore brasileiro e ativismo mágico-político. Tecendo magia, cura e ativismo em um trabalho de auto possessão e integração, este é o caminho que ele encontra para reencantar os mundos.
Translation
The Witch and their Community as magical-political activism
In the last few weeks, several countries around the world have been the scene of the most diverse demands and protests, having multiple flags that may or may not converge. Movements like anti-fascism, anti-racism, against patriarchy, against militarized police are just a few examples. These movements unite, separate, overlap, and their fronts are the most diverse. Protests take place on the streets peacefully or violently, petitions are signed and shared, successful campaigns to raise money are built, the dissemination of information and knowledge about racism, LGBTQIA + phobia, sexism, white supremacy, feminism, sexual and gender diversity is widespread, and witches are in all these different layers, performing their magical work as they believe to be best.
Some witches go to protests, armed with spells and curses, others bless those at home protests, others curse specific people who hold positions of power within politics, while others pray to specific deities for healing, protection, peace. In any case, witches have increasingly understood their Art as a tool in favor of the oppressed and against the oppressor, shouting at the four winds that all Witchcraft is political, or a political act, and that “if we don't fight, we will burn”.
This text comes from a Witch who does not disagree with this rhetoric. Passionate about magical political activism, I had in the Reclaiming Tradition, which has its roots in San Francisco - CA in the 1980s, the experience of learning, practicing and teaching about the effective methods of an activist practice. However, one thing in particular fixed itself on me like a seed dropped randomly into fertile soil, and has grown like a bright red rose with dew, blooming with its green thorns and its velvet petals: there are several ways to practice magical activism, and one of the most important is to build, feed and protect the communities we are a part of.
The Brazilian reality threw me into a whirlwind of fear, anxiety and despair for the continuous news of a government that is less transparent and more authoritarian every day. As a witch, I constantly wonder how I can fight for mine, yours, and even our people. A few years ago, I was part of the world of protests briefly, and more recently I lived the world of producing and sharing magic for activists. Today, I am moving towards trying to feed and strengthen our communities. There are several forms of protest, and all have their importance. In the end, what matters is to be able to cross the cloud of ignorance and paralysis and to be able to transform the hatred that paralyzes into the sacred hatred that transforms, and to find what you really are good at and can do constantly.
A statement from the Craft tells us that, within our sacred spaces, “we are between the worlds. What happens between the worlds does not concern the worlds, but still changes the worlds”. Changing worlds is neither simple nor magically explained very often in depth. The question “what can a witch do with a simple spell against a structured system that specifically oppresses groups of people?" persists, without great answers. Because, really, a single witch against an energetic world structured as such is like the power struggle between a caterpillar against an elephant, correct? However, I remember what a single raindrop does in the ocean. I observe how it does not change the ocean deeply, but it ripples over the surface as far as we can see. And, a rain over the ocean, can do more than small ripples.
Imagine, then, if a storm arises, with its winds, lightning, on a day when the moon is full and influences the tides in such a way that an ocean, previously calm, becomes a different environment. This is not yet able to change the volume of water in the sea or its color, for example, but it causes a profound change not only in the ocean, but in how we observe the power of the raindrop. Let us remember that the Witch, as soon as they identify and resonates as such, ceases to be completely human. We have become a force of nature, neither fully alive or dead, nor entirely human or fairy. Articulated, organized, united in a single and complex fabric composed of several existences and many possibilities, we can do something. I believe that through the strengthening of communities, this something becomes real. Even if it is, at least, to guarantee our own survival.
First, answer this question: what are your communities? And who do you consider to be part of your communities? Perhaps they are huge, with more than 100 people, or small, containing 3 people. Perhaps they have specific names, and they carry the power of a circle, a coven, a clan, a tradition. They may be too organic for any titles, but they share ideals so intrinsically. Perhaps they are composed entirely of spirits, whether they are human or non-human, and you contact them at specific locations, through their initiations, blood, names and offerings. Whatever they are, knowing the people who compose your communities is important, because then you know where the food that nourishes you comes from. These are the connections that we want to keep alive, united, nourished and brilliant, like golden threads that connect us to each other, forming a great living web of “between". The stronger the golden web, the firmer it holds those in it. Unbreakable, it allows to change some worlds, on a micro level and on a macro level.
The witch usually has specializations in the most diverse magical areas according to their tastes. Astrology, divination, spell casting, healing work, work with the inner world, herbs, songs and music. Ask yourself: how can these specialties nourish the immediate community around you? Perhaps you are a witch who can predict how some protest will take place or even how the protest will be for your fellow witches who will be there, preventing overly complex situations. Perhaps you are a witch who heals, and your healing extends to those who now need calm, tranquility, palliative care coupled with medications and medical advice, giving special friend care. Perhaps you are a witch who creates and sustains a sacred and profound presence in the here and now, where people can be heard actively and deeply, having one another witness to your healings and pains, while you make the energy and the word circulate. Perhaps you are a witch who knows a lot about witchcraft and magic, and you can offer workshops and free classes with important tools for the times we are living in, or donate part of your earnings to several people who are in need now.
Their specialties can even reach a larger number of people in more objective cases. Perhaps you are an excellent witch who weaves spells of prosperity like no one else, and carries out excellent campaigns to collect various products and raising money for NGOs and social causes that are part of your activism. Perhaps you are a witch who summons spirits to battle, and even at home or in protests, confuses and eludes the police, or even sends these spirits to protect those in the most socially vulnerable places. Perhaps you sing, dance, write poems, and wish to send your magic through these arts around the world, feeding the people around you with life force.
As important as acting magically in protests is knowing where a witch can magically act in her microcosm, in the individual and in the intimate, where the vast majority of people allow themselves to be vulnerable for deeper work. Perhaps you make space in your schedule to listen carefully to someone in your community who needs to talk about what has been happening in their life. Perhaps you are dedicated to teaching specific techniques to another witch so that she goes through difficult situations with more presence and security. Perhaps you can curse anyone who is trying to do harm or commit violence against someone in your community, restraining and isolating that person. After all, a witch who does not curse, doesn't know how to heal, does she?
Of course, witches also enter these moments of care and connection between themselves. We who bind, heal, bless, mold and change the world also need those who care, heal, bless and sustain a sacred space for our healing, our rest. The witch is a force of nature, but no witch is tireless to the point of continuing to perform various activities without having to eat and drink from their community as well. The path that takes us to where we want is also the path that can bring us to our center. Our communities, fueled by our spells and lit like a St. John's fire can also warm and protect us. As the Peacock God once said to me: “remember where you come from”. Yes, it is necessary to remember where my roots are, what communities feed me, what nourishes me. Do you know what these communities are for you?
I raise these issues in this text, thinking about contexts of large groups, small groups and even individuals, always guided by the importance of keeping the connections and bridges between the worlds alive and erected. We live in a moment where the differences are accentuated at the extreme level, and where the attempt at homogenization grows even among witches. However, it is the diversity that dwells at the center of our practices that makes our communities capable of changing worlds. “There are as many ways to practice witchcraft as there are witches in the world," my dear partner and oath sibling often says.
In the end, it doesn't matter if you believe that blessing or cursing is the way, as there is really no big difference between the two, as long as you know that you are able to change your reality. May you be able to cause a “condition" that shapes, folds, changes what you touch. That is why I raise the question that there are several ways to act magically within a context of political activism. So, what is your way of acting magically for your communities? What are you waiting for to try out?
Organize. Become leaders in your communities. If a community is made up of people who assume leadership roles, which is, they take responsibility for themselves and for the whole in a healthy and productive measure, power is shared and the need for a hierarchy that can be oppressive is broken. Ask yourself about your roles within your communities. Remember that feeling uncomfortable about making mistakes is part of the path, and that making mistakes teaches how to get it right.
So, whose and with whom do you change the world?
Lilo Assenci
is a Brazilian Witch, a Priest, a Moon Rabbit, translator, and teacher. An initiate in the Feri Tradition, member of the Reclaiming Tradition, initiate and elder of the Hekate's Tribe Tradition and Priest Hierophant of the Fellowship of Isis. Member of the Gods & Radicals Editorial Committee, his work is deeply connected with anarchism, witchcraft, communion with human and non-human spirits, paganism, Brazillian folklore, and political-magical activism. Weaving magic, healing, activism into a self-possession and integration work, this is the way he finds to reenchant the worlds.