A Letter from a Witch in Quarantine Times

“May you take care of your essence like a lioness takes care of her young, and may your heart shine with the innocence of a child, seeing the world through the hopeful eyes of tomorrow full of sweets, toys and ice cream. We still have to fight, with hope and confidence in seeing what we are in each other's eyes, even if by videoconference.”

From Lilo Assenci

English translation here.

Uma carta de uma Bruxa em tempos de quarentena.

Rio de Janeiro, 30 de março de 2020.

Olá você, que está lendo esta carta, escrita do computador de uma Bruxa que passou as últimas duas semanas isolada dentro de sua casa, em virtude da mais recente pandemia sobre o corona vírus. Como você tem passado, minha amiga bruxa?

Te escrevo porque, bem, estamos em um momento muito delicado em nosso mundo. E eu repito, sempre que possível, que uma bruxa sem sua comunidade bruxa é um lobo sem sua alcateia: nós sobrevivemos, nós encontramos a nós mesmos, vivenciamos coisas incríveis, mas seremos sempre nós e os espíritos que nos relacionamos, sem as conexões com outras iguais a nós. Te escrevo porque eu sinto que, como parte de tantas comunidades, em meu país e fora de meu país, eu me importo com muitas bruxas e sei, no fundo de meu coração, que nenhuma bruxaria no mundo nos esconde do sofrimento que estamos vivenciando neste período. Então, eu posso dizer que te escrevo porque me importo com você, porque você é importante para mim e para o nosso mundo. Porque você é uma bruxa, e nós somos uma força entre mundos rara, porém extremamente necessária, nos dias de hoje, e precisamos cuidar uma das outras.

Portanto, eu inicio te dizendo o quão importante é saber como estão os seus contatos, conexões e relacionamentos neste período de quarentena. Você tem se comunicado com as suas amadas bruxas? Você tem perguntando “olá, como você está?” para as bruxas com quem se importa? Seja por mensagem, chamada de vídeo, ligação por telefone, ou até mesmo encontros no astral a caminho do Grande Sabá. Sabe, as pessoas tendem a olhar para a nós, bruxas, como seres indestrutíveis, capazes de manipular o tempo e o espaço, de conter e controlar sentimentos, engarrafar a ansiedade para depois, e retiram a nossa humanidade em busca de uma resposta para suas próprias angústias. Nos perguntam: o que está havendo no mundo? O que pode curar esse momento? Este vírus, isso é um castigo divino, não é? Ou um processo cármico, não é? Perguntas estas que, sinceramente, acredito que não nos cabem responder. Que resposta podemos dar a estas perguntas que vá, realmente, causar alguma diferença? Ou, que resposta podemos dar a estas perguntas, sendo que a verdadeira questão por trás é bem diferente?

As pessoas nos procuram para dar conta do desamparo que vivemos. Da realidade nua e crua, onde a morte e a finitude batem a nossa porta através de noticiários, do isolamento forçado, do cuidado extremo com a higiene, da mudança radical da rotina. Tudo isso aponta para o fim, a possibilidade da morte. E as pessoas acreditam que nós, bruxas, podemos dar conta disso.

Bem, certamente nós já estivemos lá, no local onde a Morte é Rainha e os espíritos não sussurram, mas sim festejam. Nós somos a ponte entre o que há aqui e o que há do outro lado, e vivenciamos o desamparo e a morte com profundidade para poder vivenciar a vida e o suporte profundo. Nós bebemos do líquido amargo antes de bebermos do doce, e morremos antes de vivermos. E retornamos a estes ciclos constantemente. Te digo, minha amiga bruxa, eles veem em nós uma possibilidade de responder ao que já vivenciamos em outros momentos e de outras formas. Mas, não cabe a nós darmos falsas esperanças, ou inventarmos fantasias sobre o que é e o que não é. Nos cabe pensar em como nossa magia pode atingir a verdadeira necessidade de cada uma de nós, bruxas ou não, neste mundo.

E é por isso que te escrevo, bruxa. Te escrevo para dizer que cuidar de nós mesmos e uns dos outros é uma magia radical perigosíssima, porque desmantela o capitalismo que nos isola em falsa afirmação individual. Porque destrói as barreiras do ego e permite que o individuo apareça em sua face verdadeira, sem máscaras altamente narcisistas. Porque permite que possamos reconstruir o tecido de Amor que vem sendo constantemente atacado pelo ódio, preconceito e opressão. Cuidar uns dos outros é uma mudança radical, uma magia radical, porque ninguém espera que façamos isto em tempos de quarentena, de isolamento social, de constante reafirmação do Eu em detrimento do Nós. Porque o conceito de comunidade, seja ele qual for, vem sendo desmantelado, superestimado e deixado de lado. E eu te confesso, bruxa, que eu também superestimei o conceito de comunidade por muito tempo, até começar a perceber a sua importância.

Você não precisa estar altamente produtiva todos os dias. Você não precisa realizar 45 feitiços de cura pelo nosso planeta. Você não precisa fingir que nada disso está acontecendo, ou dizer que tudo isso aconteceu porque o ser humano é um vírus. É claro, você está com raiva. Você está ansiosa, chateada e angustiada, e sabe que mesmo tendo encarado a Escuridão da sua própria alma, você ainda teme o que está por vir, porque você é uma bruxa. Bruxas não perdem o medo das coisas, elas se enchem de coragem para passar pelos momentos mais difíceis com toda a vulnerabilidade que possam ter, com seu coração aberto, mas pingando de mel, leite e poder.

Por isso, te peço, minha amiga bruxa: abrace todo o seu ser neste momento difícil. Não precisa se entender por completo, só se abrace, fisicamente mesmo. Coloque seus joelhos no seu peito, se puder, e se abrace. Não estamos vivendo um momento fácil, e nenhum de nós sairá impune de novamente enxergar a finitude e a morte tão de perto. Olhe pelas pessoas ao seu redor, proteja e cuide dos seus, dos meus, dos nossos, com os feitiços mais poderosos que você já viu: ouvindo com atenção aos que precisam, dizendo palavras repletas de força aos que precisam beber da fonte do Poder, enviando a energia necessária de acordo com a real necessidade dos que te pedem por algo. Reconheça que, em tempos de caos, a bruxa é aquela que caminha com um conhecimento jamais entendido pelo homem civilizado sobre o que está havendo. E isso acontece porque somos aquelas que tecemos uma realidade capaz de amaldiçoar e curar, e sabemos fazer isso na medida certa.

Crie sua rotina diária de práticas mágicas que possam te ajudar a estar aterrada e centrada com um pé neste mundo e um pé nos outros mundos: envolva-se com sua casa, seus familiares, seus espíritos e seus amados e amadas em coisas cotidianas, que fazem parte de você tanto quanto dos seus ao redor. Siga realizando o que puder, dentro deste isolamento forçado, na sua magia. Alimente a si mesma com poesia, arte, música e dança, e alimente aqueles ao seu redor com o néctar que você bebeu, ou o néctar que você sabe que os seus amam beber. Se a raiva e a tristeza forem grandes, não se reprima ou se julgue: reconheça a sacralidade de suas emoções e sentimentos, pois você está em luto pelo mundo, por você, pelos que já morreram e pelos que podem morrer. Você está em luto novamente pela destruição do seu planeta, e sentir ódio e amargura fazem parte destes momentos. Reconhecer o quão sagrado são esses momentos é muito importante, assim como também é sagrado deixá-los correr por seu corpo em direção a Terra ou aos Céus, sentindo outros sentimentos em seguida, em um ciclo infinito. Se sentir necessidade, nomeie seus sentimentos, entre em contato com outras bruxas, ative sua rede de suporte. Reconhecer as conexões que você possui com outras bruxas e pessoas amadas é uma magia que atinge o mais profundo dentro de nós, e pode nos nutrir de forma poderosa.

É claro, você pode querer também se isolar em momentos onde tudo parece demais, com muitas mensagens, informações, videoconferências, produtividade em casa, exercícios etc. Você tem o direito de se sentir bombardeado com estas informações, pois todos nós somos. E se desejar se isolar até mesmo das mensagens dos amigos ou de muito contato com a sua família, faça isso por si mesma. Acenda as velas de seus altares e olhe para as chamas dançando lá. Sinta o cheiro de seus incensos, óleos e chás preenchendo sua casa e quarto. Toque em suas estátuas, em seus cristais, em seus diários mágicos. Se você puder, toque seu tambor em um ritmo que ajude você a descarregar o que está sentindo, ou cante a plenos pulmões. Ou, quem sabe, somente veja aquele filme que é o seu preferido e te dá uma sensação nostálgica de conforto. Seja o que for, entenda que seu movimento é uma espiral: você dança para dentro de si somente para depois dançar para fora de si, em um infinito que nunca acaba, e deve existir sempre que você precisar.

Em tempos de grande ansiedade, mover grandes quantidades de energia podem te sobrecarregar mais do que te auxiliar, e você pode ter em você demônios e sombras te julgando, te chicoteando, te dizendo para aproveitar o tempo isolada para “fazer algo novo”. Lembre-se, minha amiga bruxa, que você já está fazendo muito, e que movimenta grandes quantidades de energia quando cuida de você, quando decide quando dorme e acorda, quando decide com quem você conversará hoje ou de quem você cuidará hoje. E, lembre-se que quando você se permite ser cuidada, você se permite continuar uma linha poderosa de força e confiança que te conecta às estrelas, aos seus Espíritos que te amam, às pessoas que você ama, e isso faz diferença neste mundo onde todas as conexões são interrompidas a todo momento.

Percebemos que as conexões entre pessoas, lugares e espíritos continuam a ser constantemente interrompidas, quebradas, mutiladas ou distorcidas. Que possamos agir no inverso: reconhecer quais conexões estão doentes e curá-las com a força que habita dentro de nós, expandindo o poder que pulsa em nossos corações. Com isso, nos conectamos uns com os outros quando queremos de forma saudável, mas também nos permitimos ficar em nosso próprio mundo sabendo que podemos contar com alguém lá fora, e conosco também.

Finalizo minha carta para você, minha amiga Bruxa, com uma bênção para estes tempos de quarentena: que você nunca perca de vista o horizonte de diversas possibilidades que possuímos. Que você ame os seus e seja amada, e que estas conexões sejam como o fogo de Hestia: constante, confortável, verdadeiro e lindo. Que a beleza brilhe dentro de você, seja para que você possa expressar seu ódio e tristeza ou expressar sua alegria e felicidade, e que isso seja uma cura para você. Que você cuide da tua essência como uma leoa cuida de seus filhotes, e que teu coração brilhe com a inocência de uma criança, vendo o mundo pelos olhos esperançosos do amanhã cheio de doces, brinquedos e sorvete. Nos resta luta, esperança e confiança em enxergarmos o que somos nos olhos uns dos outros, mesmo que por videoconferência. Ou na voz uns dos outros, por ligação.

Segurando sua mão,

Lilo Assenci


Translation
Illustration by Mirna Wabi-Sabi

Illustration by Mirna Wabi-Sabi

A Letter from a Witch in Quarantine Times

Rio de Janeiro, March 30th - 2020

Hi there, you who are reading this letter, written from the computer of a Witch who spent at least the last two weeks isolated inside his home, due to the most recent pandemic about the corona virus. How have you been, my witch friend?

I write to you because, well, we are in a very delicate moment in our world. And I repeat, whenever possible, that a witch without her community is a wolf without her pack: we survive, we find ourselves, we experience incredible things, but it will always be us and the spirits that we relate to, without the connections with others like us. I write to you because I feel that, as part of so many communities, in my country and outside my country, I care for many witches and I know, deep in my heart, that no witchcraft in the world hides us from the suffering we are experiencing in this period. So, I can say that I write to you because I care about you, because you are important to me and to our world. Because you are a witch, and we are a rare but extremely necessary force between worlds these days, and we need to take care of each other.

So, I start by telling you how important it is to know how your contacts, connections and relationships are doing in this quarantine period. Have you been communicating with your beloved witches? Are you asking “hello, how are you?" for witches who you care about? Whether by message, video call, telephone call, or even meetings on the way to the Great Sabbat. You know, people tend to look at us, witches, as indestructible beings, capable of manipulating time and space, of containing and controlling feelings, bottling anxiety for later, and withdrawing our humanity in search of an answer to their own anxieties. We are asked: what is going on in the world? What can heal that moment? This virus, this is a divine punishment, isn't it? Or a karmic process, isn't it? Questions that I sincerely believe are not up to us to answer. What answer can we give to these questions that will really make a difference? Or, what answer can we give to these questions, since the real question behind it is quite different?

People come to us to trying to understand the helplessness we are experiencing. From the raw reality, where death and finitude knock on our door through news, forced isolation, extreme care with hygiene, radical change of routine. All of this points to the end, the possibility of death. And people believe that we witches can handle this.

Well, we have certainly been there, in the place where Death is Queen and the spirits do not whisper but celebrate. We are the bridge between what is here and what is on the other side, and we experience helplessness and death in depth to be able to experience life and deep support. We drink the bitter liquid before we drink the sweet one, and we die before we live. And we return to these cycles constantly. I tell you, my witch friend, they see in us a possibility to respond to what we have already experienced at other times and in other ways. But it is not up to us to give false hopes, or to invent fantasies about what is and what is not. It is up to us to think about how our magic can reach the real need of each of us, witches or not, in this world.

And that's why I write to you, witch. I write to you to say that taking care of ourselves and each other is a very dangerous radical magic, because it dismantles the capitalism that isolates us in false individual affirmation. Because it destroys the ego's barriers and allows the individual to appear in their true face, without highly narcissistic masks. Because it allows us to reconstruct the tissue of Love that has been constantly attacked by hatred, prejudice and oppression. Taking care of each other is a radical change, a radical magic, because nobody expects us to do this in times of quarantine, of social isolation, of constant reaffirmation of the Self to the detriment of Us. Because the concept of community, whatever it may be, has been dismantled, overestimated and left aside. And I confess to you, witch, that I also overestimated the concept of community for a long time, until I started to realize its importance.

You don't have to be highly productive every day. You don't need to cast 45 healing spells on our planet. You don't have to pretend that none of this is happening or say that it all happened because the human being is a virus. Of course, you are angry. You are anxious, upset and anguished, and you know that even though you have faced the Darkness of your own soul, you still fear what is to come, because you are a witch. Witches do not lose their fear of things, they are filled with courage to go through the most difficult moments with all the vulnerability they may have, with their hearts open, but dripping with honey, milk and power.

Therefore, I ask you, my dear witch friend: embrace your whole being at this difficult time. You don't need to understand yourself completely, just hug yourself, physically. Place your knees on your chest, if you can, and hug yourself. We are not living in an easy time, and none of us will get away completely fine with seeing finitude and death so closely again. Look out for the people around you, protect and care for yours, mine, ours, with the most powerful spells you've ever seen: listening carefully to those in need, saying words full of strength to those who need to drink from the source of Power, sending the necessary energy according to the real need of those who ask you for something. Recognize that, in times of chaos, the witch is the one who walks with a knowledge never understood by civilized man about what is happening. And this is because we are the ones who weave a reality capable of cursing and healing, and we know how to do it in the right measure.

Create your daily routine of magical practices that can help you to be grounded and centered with one foot in this world and one foot in other worlds: get involved with your home, your family, your spirits and your loved ones in everyday things, that they are as much a part of you as they are of those around you. Keep doing what you can, within this forced isolation, in your magic. Feed yourself poetry, art, music and dance, and feed those around you with the nectar you drank, or the nectar you know your loved ones drink. If anger and sadness get big, do not restrain yourself or judge yourself: recognize the sacredness of your emotions and feelings, as you are in grieving for the world, for you, for those who have died and for those who may die. You are in mourning again for the destruction of your planet, and feeling hatred and bitterness are part of these moments. Recognizing how sacred these moments are is very important, just as it is also sacred to let them run through your body towards Earth or Heaven, feeling other feelings then, in an infinite cycle. If you feel the need, name your feelings, get in touch with other witches, activate your support network. Acknowledge the connections you have with other witches and beloveds is a magic that reaches deep within us, and can nourish us in a powerful way.

Of course, you may also want to isolate yourself in times when everything seems too much, with lots of messages, information, videoconferences, productivity at home, body exercises etc. You have the right to feel bombarded with this information, as we all are. And if you want to isolate yourself even from messages from friends or a lot of contact with your family, do it for yourself. Light the candles on your altars and look at the flames dancing there. Smell your incense, oils and teas filling your home and bedroom. Touch your statues, your crystals, your magic diaries. If you can, play your drum at a rate that will help you discharge what you are feeling, or sing at the top of your lungs. Or, who knows, just watch that movie that is your favorite and gives you a nostalgic feeling of comfort. Whatever it is, understand that your movement is a spiral: you dance inside yourself only to then dance outside yourself, in an infinite that never ends, and must exist whenever you need it.

In times of great anxiety, moving large amounts of energy can overwhelm you more than help you, and you can have demons and shadows in you judging you, whipping you, telling you to take the time alone to “do something new". Remember, my beloved witch, that you are already doing a lot, and that you move large amounts of energy when you take care of yourself, when you decide when you sleep and wake up, when you decide who you will talk to today or who you will take care of today. And, remember that when you allow yourself to be cared for, you allow yourself to continue a powerful line of strength and confidence that connects you to the stars, to your Spirits who love you, to the people you love, and it makes a difference in this world where all connections are interrupted at all times.

We realize that the connections between people, places and spirits continue to be constantly interrupted, broken, mutilated or distorted. May we do the opposite: recognize which connections are sick and heal them with the strength that dwells within us, expanding the power that pulsates in our hearts. With that, we connect with each other when we want to in a healthy way, but we also allow ourselves to stay in our own world knowing that we can count on someone out there, and with us too.

I conclude my letter to you, my dear Witch, with a blessing for these quarantine times: that you never lose sight of the horizon of different possibilities that we have. May you love yours and be loved, and may these connections be like the fire of Hestia: constant, comfortable, true and beautiful. May the beauty shine within you, either so that you can express your hatred and sadness or express your joy and happiness, and may this be a cure for you. May you take care of your essence like a lioness takes care of her young, and may your heart shine with the innocence of a child, seeing the world through the hopeful eyes of tomorrow full of sweets, toys and ice cream. We still have to fight, with hope and confidence in seeing what we are in each other's eyes, even if by videoconference. Or in each other's voice, by connection.

Holding your hand,

Lilo Assenci


Lilo Assenci

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is a Witch, a Priest, a Moon Rabbit, translator and teacher. Member of the Gods & Radicals Editorial Committee, his work is deeply connected with anarchism, witchcraft, paganism, Brazillian folklore and political-magical activism. He is part of the Feri, Reclaiming and Hekate's Tribe Traditions, weaving magic, healing, activism into a self-possession and integration work. He also loves coffee and reading.

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